abril 12, 2009


A / C

 

Chegamos a falar da presença do filme The Stalker na minha interpretação da sua curadoria? Estava introduzindo a Paulinha, uma moça talentosa que está começando a trabalhar comigo, às questões em que me vejo envolvida para este trabalho da "Absurdo", e pensei em te mandar parte do que escrevi pra ela ...não sei se é 'esoterismo' meu, mas me parece que esse processo angustiante do VAI não VAI dessa água, é o processo natural dessa curadoria. Isso talvez sugestionada pelo teor de angústia do filme... enfim, queria compartilhar isso contigo. Vamos indo, aliás seguindo. 


...É um filme em que 3 personagens partem para experimentar uma zona proibida, onde as pessoas podem experimentar seus mais profundos desejos. Na verdade, dois dos personagens são guiados pelo Stalker, que é uma espécie de maldito/bendito - paralelo ao papel do artista... A realização dos desejos é abordada como uma experiência muito dolorosa, de enfrentamento do desconhecido que torna aqueles que a experimentam seres à parte na sociedade. Desde que comecei a pensar no trabalho para a Bienal, esse filme tem estado presente. Me parece que a curadoria da Laura poderia ser discutida como uma criação dessa zona proibida: desejos loucos, absurdos, amedrontadores, que flutuam sobre as águas, pulsam nelas, nos fluídos, e no incontrolável dos líquidos... coisas assim ( me entusiasmo na breguice estilística desse texto?). 
Tem um momento em que o Stalker explica aos outros porque é necessário que eles partam para uma viagem tão solitária em busca de seus desejos. Ele diz que na presença de pessoas, caminhos seguros se tornam intransitáveis, cheios de armadilhas mortais. Mas é nesta zona proibida que os desejos se realizam. Muitas pessoas voltam no início do caminho. Outras morrem na entrada. Naquela zona, apenas os que já não têm nenhuma esperança conseguem adentrar. Os infelizes. Não os bons ou os maus, mas os infelizes. São estes os que buscam mesmo sem mais esperar. 

Bonito, né?

Nenhum comentário:

Postar um comentário